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sexta-feira, abril 13, 2012

A eterna morada de Gibran aos pés dos Cedros de Bsharri

O Cedro é a arvore símbolo do Líbano, tanto que faz parte da sua bandeira. Típica da região alta do Norte do país, onde se localiza Bsharri, é por lá que ela se mantém viva e protegida em reservas, após séculos e séculos de devastação. As qualidades soberbas da madeira de cedro como beleza, cor, dureza, perfume requintado e resistência a insetos e umidade, incitou fenícios, egípcios, gregos e muitos outros a usá-la extensivamente. Os fenícios construíram seus navios de comércio e frotas militares a partir do cedro, assim como os telhados e soleiras de suas casas e templos. Reis de países vizinhos ou distantes exigiam esta madeira para construir seus templos religiosos e propriedades civis, sendo os mais famosos deles os templos de Davi e Salomão em Jerusalém. Foi usada também nos templos e obras móveis dos assírios e babilônios. Latinos e romanos também tiveram fizeram da madeira de cedro sua matéria prima para grandes construções. 
Pode-se dizer que ela só não se acabou porque foi salva pela própria história. Muitos escritores ao longo dos séculos ficavam impressionados com os aspectos majestosos dos cedros, e passaram a se referir a eles metaforicamente para indicar qualidades como força, beleza, resistência, grandeza, majestade, dignidade, estatura elevada e nobreza. Só na Bíblia existem 75 citações aos Cedros do Líbano. Na pequena Bsharri (Foto acima), terra onde nasceu e repousam os restos mortais do mais famoso e genial escritor libanês de todos os tempos, Khalil Gibran, existe uma floresta em particular que é considerada a floresta mais antiga de Cedros do Líbano. Ela é chamada de El Rab Arz ou "Cedros do Senhor". Este post é para mostrar as montanhas de Bsharri, um pouco da história e literatura de Gibran, e a magnitude dos cedros do Líbano, um dos países mais lindos do Oriente Médio.   



A floresta dos "Cedros do Senhor" em Bsharri

"És livre na luz do sol e livre ante a estrela da noite.
E és livre quando não há sol, nem lua ou estrelas.
Inclusive, és livre quando fechas os olhos a tudo o que existe.
Porém, és escravo de quem amas, pelo fato mesmo de amá-lo.
E és escravo de quem te ama, pelo fato mesmo de deixar-te amar."

KHALIL GIBRAN


"Só quando você bebe o rio do silêncio é que você realmente pode cantar.
E quando você chegar ao topo da montanha, então você deve começar a subir. 
E quando a terra reclamar os seus membros, então você realmente deve dançar. "

KHALIL GIBRAN


TEMPESTADES

"O pássaro e o homem tem essências diferentes. 
O homem vive à sombra de leis e tradições por ele inventadas; 
o pássaro vive segundo a lei universal que faz girar os mundos.
Acreditar é uma coisa; viver conforme o que se acredita é outra. 
Muitos falam como o mar, mas vivem como os pântanos. 
Muitos levantam a cabeça acima dos montes; 
mas sua alma jaz nas trevas das cavernas. 
A civilização é uma arvore idosa e carcomida, 
cujas flores são a cobiça e o engano e cujas frutas 
são a infelicidade e o desassossego. 
Deus criou os corpos para serem os templos das almas. 
Devemos cuidar desses templos para que sejam 
dignos da divindade que neles mora. 
Procurei a solidão para fugir dos homens, de suas leis, 
de suas tradições e de seu barulho. 
Os endinheirados pensam que o sol e a lua e as estrelas se levantam 
dos seus cofres e se deitam nos seus bolsos. 
Os políticos enchem os olhos dos povos com poeira 
dourada e seus ouvidos com falsas promessas. 
Os sacerdotes aconselham os outros, 
mas não aconselham a si mesmos, 
e exigem dos outros o que não exigem de si mesmos.


Vã é a civilização. E tudo o que está nela é vão. 
As descobertas e invenções nada são senão brinquedos 
com a mente se diverte no seu tédio. 
Cortar as distâncias, nivelar as montanhas, 
vencer os mares, tudo isso não passa de 
aparências enganadoras, que não alimentam o 
coração e nem elevam a alma. 
Quanto a esses quebra-cabeças, chamados ciências e artes, 
nada são senão cadeias douradas com os quais o homem 
se acorrenta, deslumbrados com seu brilho e tilintar. 
São os fios da tela que o homem tece desde o inicio 
do tempo sem saber que, quando terminar sua obra, 
terá construído a prisão dentro da qual ficará preso. 
Uma coisa só merece nosso amor e nossa dedicação, uma coisa só... 
É o despertar de algo no fundo dos fundos da alma. 
Quem o sente não o pode expressar em palavras. 
E quem não o sente, não poderá nunca conhecê-lo através de palavras. 
Faço votos para que aprendas a amar as tempestades em vez de fugir delas." 

KHALIL GIBRAN


                                         "Então, um homem disse-lhe:
Fala-nos do conhecimento de si. E ele respondeu:
Os vossos corações conhecem, no silêncio,
os segredos dos dias e das noites.
Mas os vossos ouvidos têm sede de ouvir finalmente
o eco do saber dos vossos corações."

KHALIL GIBRAN


Um pouco mais do lindo vale e a cidade de Bsharri


Apesar de ter predominância de islâmicos o Líbano é um dos países árabes que mais cristãos tem. Cerca de 40% da população é cristã. Khalil Gibran, aliás, era um deles. Em Bsharri existe até uma catedral da Igreja Católica, como mostra a foto.  


O Museu Gibran e o túmulo do escritor


" O amor não tem outro desejo além de satisfazer a si mesmo.
Mas se vós amais e precisais ter desejos, que sejam estes os vossos desejos:
Derreter e ser como um riacho que corre e canta sua melodia para a noite.
Conhecer a dor do carinho demasiado.
Ser ferido pela vossa própria compreensão do amor, e sangrar por vossa 
própria vontade e com alegria.
Acordar ao amanhecer com o coração leve
e agradecer por mais um dia de amor;
Descansar ao meio dia e meditar sobre o êxtase do amor;
Voltar para casa ao entardecer com gratidão;
E então dormir com uma prece ao bem-amado em vossos corações
e uma canção de louvor em vossos lábios." 

GIBRAN KHALIL GIBRAN 
Bicharre, 6 de janeiro de 1883 – Nova Iorque, 10 de abril de 1931. 

Fontes: Wikipédia, Flickr e News-world

3 comentários:

  1. Hi I am a native from Bsharri, and your images stirred some old sentiments! Thank you for these amazing pictures, they carried me back home.

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  3. Meu avô nasceu nessa cidade, veio para o Brasil com 14 anos e no ano que ia com minha avó e as filhas pra visitar seus pais, faleceu, com, 33 anos.

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