Imagens de tudo — do conflito na Síria aos acontecimentos no interior da prisão de Abu Ghraib — têm sido franqueadas ao mundo nos últimos anos. A democratização dos meios de produção de filmes e fotos é um fenômeno bem recente. Ainda assim, filmava-se mais do que se imagina antes dele, pode acreditar. Essa é a grande surpresa que provoca "O Terceiro Reich: A ascensão e queda". O documentário do History Channel (existe em DVD) apresentará novidades até para aquele espectador que já viu muito de Segunda Guerra. São dois episódios sobre a Alemanha do período nazista construídos quase que exclusivamente com produção de amadores datada de 1934 até 1945.
O material é farto e eventualmente colorido. Com exceção de algumas cenas rodadas por Leni Rifenstahl no 6º Congresso do Partido Nazista, em Nuremberg em 1934, e de um ou outro trecho de propaganda do regime, tudo é obra de anônimos. São casamentos, férias, encontros de família, crianças comendo, rindo, brincando de balanço, fartura, enfim, o mais comezinho na vida privada. Ao iluminar o cotidiano banal dos alemães, os filmes expõem seu alheamento aos horrores da época — e sem mostrar os horrores. Não há praticamente registros em campos de concentração, com exceção de sequências feitas por um soldado americano na libertação do campo de Dachau. “A ascensão e queda” não segue qualquer personagem em particular, até porque usa filmes curtos, avulsos, sem fôlego para isso. Mas trata-se de uma colagem imperdível para quem gosta de História.
Texto de Patricia Kogult (O Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário