Como a maioria de vocês já sabe, desde a última sexta-feira abrimos um espaço filosófico e poético no "POSTS À BEIRA MAR" para a publicação de crônicas da escritora Eliane Volpato, amiga de longa data que resolveu colaborar conosco. Nem sei se a Eliane vai aguentar a "bagunça" cultural deste blog que virou uma salada de frutas divulgando de tudo um pouco, de obras de arte à piada de sacanagem. Enquanto ela estiver mandando material, vamos aproveitá-lo, como este abaixo, por exemplo.
Um lugarzinho para chorar...
Duvido quem de nós, num dia qualquer, não sentiu uma vontade doida de chorar...
Uma dor fininha de dilacerar nosso espírito, dando um sufoco na garganta e pensamos:
_Dessa vez eu vou me partir! E quanto mais se pensa, mais vem à agonia, pois nenhuma pessoa está preparada, para este estado de alma inquieta, andar lento, olhar longínquo e coração ausente.
Somos capazes de chorar pelos mais diversos motivos... até por sentir uma grande alegria.
Mas dessa maneira, não é nada fácil e a maneira, a qual me refiro é quando nosso sonho, tem um final, quando soltam nossas mãos. Quando os lugares antes fitados a dois, agora olham para diferentes direções, fazendo-nos seguir só, um sem o outro...
A certeza de que nossa vida mudará pelo caminhar que repentinamente ficou desigual, sem passos juntos, uma só pegada na areia...
Haverá qual a lembrança? Talvez uma sofrida saudade? Ou um caminho que se partiu... Não tem importância de que modo ocorreu este adeus... o que importa na verdade é que vamos precisar de um lugar para derramar nossa lágrima, que teimosa vai rolando sobre a face... E em nossa rotina tão cheia de afazeres, onde está o lugarzinho para chorar?
Tenho uma grande amiga que passou por situação igualzinha e me disse:
_Terrível você procurar um lugar e não saber onde ele está... No carro enquanto ia para o trabalho, não era possível, pois tinha que parar nos sinais... e se alguém visse aquele desespero? Aquele meu chorar?
Em casa? Nem pensar, lá estavam os filhos...
No trabalho? Onde já se viu chorar no trabalho, o que iriam pensar? E também tem essa de parecer coitada!
Acabei, amiga, engolindo tudo... todo meu pranto ficou represado e mais e mais a dor ia ameaçando meu ser inteiro...
Não respondi nada naquele instante, pois a crise já havia passado! Mas fui para casa, com aquela situação, matutando meu pensar... Aonde eu iria chorar, se por acaso precisasse?
Foi simples a resposta... choraria onde achasse que fosse melhor para mim. Afinal, quem não chora? Que importância tem o que dizem as pessoas e possam pensar? Logo eu, que choro ao ouvir até o Hino Nacional...
Um lugar para chorar? Naquele onde você sabe que vai ter alguém, que tem a mais absoluta compreensão de que nem sempre sorrindo é sinal de alegria. O ponto está exatamente dentro de nós... se ali está, serve qualquer lugar...
Assim, nem tente conter este sentimento, esta vontade maluca de se debulhar inteiro ou inteira, na lágrima que tem um único sabor... o da alegria ou o da tristeza!
Então, chore onde for melhor para si, repito. Mas chore com tudo o que você tem de direito... estar ou não feliz. O lugar pouco importa, nesta hora onde a emoção toma conta de cada um...
Pense bem naquele ditado popular, “quem não chora não mama”... E para encerrar o choro é seu, a lagrima sua e ninguém vai dizer ao contrario. Ou vai? Hum, vai não!!!
Eliane Volpato - 02/04/2010
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