Viver: deliciosamente perigoso!
Muito se fala sobre a vida... Muito se sacrifica para viver em toda plenitude. Muito lutamos para chegar aonde queremos... Muito fazemos para obter o que nem é tão necessário assim.... Muito do essencial foge de nosso controle e muito somos controlados.
A vida ? Uma roda viva! A vida como um carrossel...que se circula muito rápido, nos deixa enjoados, alucinados, estressados. Se vai devagar, queremos a pressa, que sabemos de letra é inimiga da perfeição! Então tenho ou não razão quando afirmo que é mais perigoso viver que morrer?
Se antes falei tão bem da morte, da paz infinita, agora venho com esta da Vida!
_ Maluca está ela, devem estar dizendo aos seus botões...
Acontece que terminei de ver um filme agora: “14 Horas”, seu título. Relata a história real de toda população de uma cidade nos Estados Unidos, que é duramente atingida por um ciclone, muita chuva e muito desespero, nas 14 horas de um tempo de relógio, todavia infinitamente longo, para quem está ali, no meio, nas entranhas, de um monstro, que não dá saída a primeira vista.
Tudo se passa num dos maiores e mais bem equipados hospitais daquela cidade, ali onde já é comum à desesperança. Imaginem o caos... sem água, sem luz, ser humano entre a vida e a morte, nenês em estado prematuro e mãos que com uma lucidez de dar inveja boa (essa da inveja boa...muito boa...inveja nunca é boa, então mudo para admiração), no meio da desordem, conseguem ser afetuosas e precisas, pois são certamente dirigidas pelo coração e pela fé que daremos o nome de vontade de salvar...
Fiquei tão tocada, que me desfiz em lágrimas. Aproveitei e chorei pela vida de todos e pela minha também. Afinal não sou egoísta!
Desse modo, foi que resolvi falar um pouco mais sobre a vontade de estarmos aqui, apegados a ela, a vida, por mais tempo...muito mais tempo do que o tempo, que nos parece estar determinado.
Naqueles momentos em que minha alma foi levada com o drama dos outros, foi que tive mais uma vez, a percepção de que este presente, doado por Deus através de nossos pais, vale a pena ser falado e refletido. Que se a morte traz a leveza, a vida igualmente pode ser leve, apesar das tantas intempéries, das surpresas batendo a nossa porta, sejam boas ou ruins.
Tudo depende de como encaramos “a tal da cosa”, como falava minha avó, grande mulher e guerreira como todas as mulheres.
Aliás, neste filme, o sexo feminino é que comandava e oferecia as soluções, sem querer ofender o clã masculino.
Mas continuando, depois da tempestade vem sempre a bonança ou o tempo de calmaria... Exatamente o que aconteceu naquelas 14 horas do filme. Ficaram marcas... que o tempo, só ele nos faz esquecer.
Todavia, só não podemos deslembrar, nesta vida, são as lições ofertadas, que sempre chegam em forma de dor. Pois na alegria a gente esquece...
A dor passa, tudo passa... Só fica a alma, que é a razão da vida. E alma leve, está com tudo...
Então cuidar dela é o grande barato. Deixe que ela se solte como fosse pássaro que beija flor, que respira perfume de flor, que bebe da flor e se abastece de energia, sabendo exatamente, onde busca as estações do ano e da sua história...
Assim, faça um tapete das folhas caídas do Outono...
Brinque de bem querer com as flores da Primavera...
Agasalhe seu corpo junto de seus amores, bebendo do cálice, o vinho brando e licoroso, no Inverno...
Permita que o sol acaricie sua pele e mergulhe seu corpo nas ondas azuis do mar, em uma praia, num rio, numa cachoeira... num Verão qualquer.
Mas, se é o Outono que se apresenta por longo tempo entre as árvores desnudas da desesperança, jogue seu tapete de folhas até ao Infinito. Empreste-o para o mundo que também necessita dele para abafar o murmúrio das tempestades.
Não deixe para depois... o viajar pelas cruzes douradas das estrelas no céu...com seu tapete de folhas outonais...
Transforme-o em Cobertor de Estrelas para viver a sua Vida com muitos brilhos e tons...
Assim, será sempre uma leveza leve de alma e corpo, esta existência.
Cada vez mais, apesar dos riscos e dos perigos que nos fazem frágeis...constataremos que é “Maravilha Viver”, mesmo que nem todos sejam iguais, pois a diferença é que faz a diferença!
Viva a Vida!
Não deixe para depois, nada que signifique morrer, enquanto isso não acontece...
Eliane Volpato - 28/03/2010
Obs. Eliane Volpato é pedagoga, escritora e poetisa da cidade de Tubarão, Sul de Santa Catarina.
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