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domingo, agosto 08, 2010

Crônicas com Eliane Volpato

                                                                Eu sou Você... Você sou Eu...

Quero agora lhe fazer uma proposta: _  Eu sou Você...Você sou Eu...
Você é a Mãe Terra, eu sou o Ser Humano. _ Aceita? Ótimo!
  _Quem então começa primeiro a falar dos seus desatinos?
  _ Certamente eu, a Mãe Terra. Simplesmente porque sou mãe! Porque sou aquela que oferece o melhor de si, que se doa, que dá tudo o que tem, muitas vezes o que nem possui!
Mas se reparte inteira , para que nada lhe falte. Dou-lhe o que há de mais sagrado, a oportunidade de viver em toda plenitude! Olho a minha volta neste momento...não ouso crer em tudo o que eu e você estamos vivenciando! Simplesmente nos desfazemos. Choramos muito...sorrimos pouco... E eu que tanto amo ver sua alegria.


   Quando pela manhã, no seu acordar lento, abrindo as janelas de seu lar, lá estava eu, mostrando tudo o que lhe poderia presentear. Você era capaz de perceber  exatamente onde estava. O sol nascendo, brilhante e meigo. O vento soprando ameno, levava até sua casa, para o seu ser, o cheiro de terra molhada... as flores em botões se abrindo, as outras plantas multi-cores, a cantoria dos pássaros grandes e pequenos, os animais, faziam a sinfonia mais linda, sem necessitar de instrumentos musicais... Porque eu estava lhe oferecendo esta grande festa de coração feliz. O voar dos seres alados, do colibri fazendo a semente ser levada para todos os cantos, através de seu beijo tão doce, que parecia mel em seus lábios bicudos, o amor demonstrado nos gestos de cada ser, oportunizando a continuidade das espécies... você sabia, ali estava a Primavera...
    Depois , o sol aquecia mais, você sentia preguiça, os oceanos imitavam o colorido azul do céu. Eu...parecia mais azul, livre, leve e solta. Você buscava a sombra, as águas cristalinas das cachoeiras e dos rios, o mar... Vivia mais horas ainda do seu dia, pois o sol ficava mais junto de você e gostava disso! Ah! Assim éramos capazes de sentir só com nosso olhar que estávamos vivendo o Verão...
     Dessa forma o tempo passava, o ido e o vivido. Você trocava seus hábitos! E eu, sabia que viria uma nova transformação. O ciclo natural acontecia. A mata antes cheia, derramava-se entre folhas caídas, a semente virava fruto... época de colher e de estocar!
    O sol mais uma vez, fazia tudo direitinho...distanciava-se , apenas o necessário , para lhe avisar que era a hora de viver o Outono...
    Bastava olhar e você identificava, entendia, pelas árvores nuas, pelo vento gelado, pela chuvinha fina que se juntando com ele trazia um frio de doer nos ossos, que chegava o instante de se  recolher mais cedo, de se alimentar com mais calorias, de viver mais  aconchego, do toque de silenciar que batia nas portas mais cedo, do escurecer mais apressado do sol, pois também queria o descanso para dormir mais bem achegado na lua e nas estrelas... Todos nós tínhamos como certo, estar no Inverno... 
     _ E agora? O que seus olhos estão vendo? Seu ser está sentindo? Quando percebe ou vive momento tão estranhamente pouco identificável? Perdemos o rumo, eu e você.
        Sei que anda assustado! Não tem mais os pés no chão e nem seu olhar ou sentidos alcançam mais os eventos da natureza, antes tão simples de ver... Tudo a sua volta tornou-se desumano, violento e trágico. Diariamente é pego de surpresa!!!
       Você pranteia as suas perdas... Eu choro igualmente, pois não possuo mais o controle sobre meus atos. Não consigo mais ser a Mãe Natureza de outrora, oferecendo-lhe a segurança de costume...
       _ Quem é o culpado? Eu ou você? Posso imaginar que você adiantou os ciclos e eu permiti... Deveria ter me comunicado antes? Ou tentei fazê-lo e não fui ouvida? Certamente haveremos de pensar e agir sobre tudo que vivemos neste agora...
         Eu me perdi, você também se perdeu... Qual seria a maneira de chegar ao rumo perdido? Ainda teremos tempo?
         Qual a solução que você pode me apresentar? Qual a forma mais urgente e correta para provocar mudanças tão sérias, pois é preciso mudar. Retroceder? Avançar? De que maneira?
          Por favor, me ajude! Preciso que me auxiliem  a manter a  Esperança! Porém, não posso mais deixar de dizer:
 _ Eu não posso ser Você... 

                                                                   Assinado,
                                              
                                                                              MÃE TERRA.
  (Eliane Volpato)

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