Eu fazia isso com um galho de laranjeira na casa de um vizinho. Até que um dia, aos 11 anos de idade, o galho quebrou e eu despenquei laranjeira abaixo fraturando um dos braços... Meu pai, um homem boníssimo mas austero, reto, daqueles que só com o olhar já controlava os filhos, cansou de me alertar que não era para fazer aquilo, e eu, sapeca que só vendo, sempre desobedecia. Quando aconteceu ele não disse nada, apenas me colocou no carro e me levou para o hospital. Lá chegando o médico, um amigo da família, indicou as opções, que eram duas: me submeter a uma cirurgia (o que não era muito comum na época - anos 60) ou então fazer a correção manual mesmo, tentando juntar os ossos por cima da pele e imobilizar com gesso.
A segunda opção era dolorida, muito mais dolorida, todavia era a que tinha menos risco.
Meu pai nem pensou, mandou fazer a correção manual. O médico alertou:
- Neném vai doer um pouquinho.
Papai, parado no canto da sala de emergência deu o decreto:
- Não tem problema Dr. Hélio, ele é corajoso adora subir em árvores e nem
vai chorar, não é Milton?
Eu só mexi com a cabeça, afirmando positivamente. Quase morri de dor mas não soltei uma lágrima sequer. Foi ali que comecei aprender a ser homem.
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